Cresce procura por plano funerário

CAMILA SOUZA RAMOS
Especial para o JT

Os paulistanos estão recorrendo cada vez mais a planos funerários, motivados pelos custos mais em conta, com opções a partir de R$ 25, e pela possibilidade de obter também auxílios. Em três empresas consultadas pelo JT, houve aumento na procura de até 40% nos últimos dois anos e, até o ano passado, um estudo do Centre for Financial Regulation and Inclusion (Cenfri) estimava que entre 20 milhões e 25 milhões de brasileiros já haviam contratado o serviço.

A empresa Argel, por exemplo, registrou 40% de aumento nas vendas de contratos nos últimos dois anos, enquanto as vendas do Plano São Paulo Pos Vita cresceram 25%. O Grupo Eden, por sua vez, viu seu faturamento crescer cerca de 19% no último ano.

Prevenida, a estudante de Biblioteconomia Francine do Prado decidiu comprar um plano. Paga R$ 28 por ano pelo Apoio Familiar, da Porto Seguro, que cobre R$ 3,8 mil de custos do funeral. “Nem hoje eu disponho de R$ 3,8 mil na poupança”, afirma.

O preço é um atrativo. O valor de uma mensalidade pode variar de R$ 25 a R$ 75 para serviços adicionais, além da entrada que algumas empresas exigem. Já no caso dos auxílios, que na prática funcionam como seguros, o preço e a periodicidade dependem da negociação entre o cliente e o corretor.

Geralmente são oferecidos urna funerária, ornamentos, preparação e transporte do corpo, cobertura das taxas, além de realização dos trâmites para a retirada da certidão de óbito. Alguns planos, como o Colina dos Ipês, também oferecem convênios que preveem descontos em serviços prestados por outras empresas.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, contratar um plano vale a pena, mas é preciso fazer uma pesquisa antes de assinar o contrato. “Quando se trata de compra de terreno em cemitério, tem uma escritura. Mas, para contratar um sistema funerário, é necessário ficar muito atento e pesquisar sobre a empresa.”

Diagnóstico financeiro
A dica é consultar o nome da companhia no Procon, nos órgãos de crédito e na Receita Federal para verificar se ela está em dia com os impostos e não corre o risco de fechar antes de oferecer o serviço contratado pelo consumidor.

Para Domingos, é importante fazer um “diagnóstico financeiro” antes de decidir qual plano contratar para não correr o risco de cair na inadimplência, uma vez que as prestações serão pagas por muito tempo. Ele recomenda nunca usar a folga integral do orçamento, mas só 50% e indica que não é necessário contratar um serviço completo. “O melhor é ficar com aquilo que é essencial, como urna e jazigo.”

É necessário verificar as exigências com relação a limites de idade e de número de dependentes. É o caso do Plano São Paulo Posvita, que oferece pacotes a partir de R$ 25, mas estabelece um teto de 61 anos para a contratação.

A título de comparação, no caso de a pessoa não ter plano e precisar pagar pelo sepultamento no Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, o funeral pode custar de R$ 330 a R$ 14 mil, com taxas de serviço crescentes de acordo com o valor da urna.:: Colaborou Marcos Burghi